A Beleza Moral de Friedrich Ludwig Schröder e o pensamento estético de Friedrich von Schiller
- Irmão Marcelo Artilheiro
- 14 de set. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de ago. de 2024
O escopo deste singelo texto é possibilitar reflexões ainda que embrionárias sobre a Beleza Moral de Friedrich Ludwig Schröder (1744 – 1816), levando em consideração o pensamento estético de Friedrich von Schiller (1759-1805), tendo como parâmetro a obra Sobre Graça e Dignidade (Über Anmut und Würde), publicada em 1793. De início, declaro minha penúria com relação a língua alemã, o que deve ser considerado quando das “traduções” e interpretações.
Conforme se extrai dos ensinamentos de Schröder materializados nos Rituais (Aprendiz, Companheiro e Mestre, do Grande Oriente do Brasil - GOB), as fls. 89, na “oração”, quando do encerramento da loja, colhe-se a seguinte súplica: “Desperta o nosso sentimento para a beleza moral, para que a nossa vida seja igual a uma nobre obra de arte”.
A meu modesto juízo, para Schröder a perfeição moral deveria ser inerente ao maçom, perfeição esta que pode ser considerada sobre o prisma da dignidade, significa dizer que o maçom deve realizar seus deveres: maçônico, sociais, legais e etc., com graça e dignidade. Nesse diapasão, Schiller afirma que a plena humanidade é a relação entre graça e dignidade:
Se graça e dignidade, aquela ainda sustentada pela beleza arquitetônica, esta, pela força, estão unidas na mesma pessoa, logo, a expressão da humanidade é consumada nela e aí ela se encontra justificada no mundo dos espíritos e absolvida no fenômeno. Aqui ambas as legislações tocam uma à outra de tão perto que seus limites se confundem.[1]
A graça como categoria estética caracteriza-se como uma qualidade ou traço distinto da beleza propriamente dita, mas capaz de produzir efeitos que evocam sobre tudo, algo com uma naturalidade em sua manifestação, é a junção de harmonia e leveza.
Cabe destacar que tanto Schröder como Schiller ratificam a filosofia moral kantiana para estabelecerem suas próprias concepções de ideal ético maçônico e civil, clamando para tanto o vulto da bela alma (schöne Seele) e seu conceito de graça (Anmut), o ideal de moralidade por disposição; para ambos, estes dois elementos seriam indispensáveis para educação estética, tanto maçônica, como “secular”.
Ambos sustentam a tese segundo a qual há uma dimensão estética na conduta moral do maçom (Schröder) e humana (Schiller). A Beleza moral para Schröder é a dimensão estética da conduta do maçom, ou seja, os atos maçônicos devem ser pautados sob rígidos princípios racionais, éticos, morais e maçônicos, sua aparência no mundo, deve ser bela na medida em que seria uma espontânea aptidão moral e maçônica.
Para Schröder todas as ações do maçom devem revelar sentimentos morais, que são belos na essência e na aparência, trata-se em última análise, da aparência estética da liberdade. A Beleza Moral ou perfeição moral seria uma dimensão da fortaleza do caráter do maçom, na qual haveria naturalmente harmonia entre os deveres e o exercício da moralidade, ou seja, o maçom agiria com ética, moral, legalidade e graça (Anmut) mesmo em situações adversas, não existiria qualquer esforço ou oposição na execução do dever maçônico, moral, ético, civil e etc. Graça é aquilo que Schiller chama de o fruto mais maduro da humanidade do homem, porque se traduz na conduta que representa o grande ideal de perfeição moral: um caráter que não age apenas moralmente, mas moralmente belo.
Segundo se pode deduzir, para Schröder o maçom não deve buscar agir apenas moralmente (racionalmente), mas sim deve exercer a moralidade com um instinto harmônico, uma mescla de razão e sentimento como condição para o exercício da liberdade, em especial, a liberdade maçônica, ou seja, é indispensável considerar a existência de um conteúdo estético na moral e na liberdade, para o fundador do Rito Schröder o ideal de perfeição moral do maçom seria o equilíbrio entre a liberdade e a moralidade, de tal modo que quaisquer ações (social, maçônica e etc.), estampem no mundo não apenas a moralidade, mas a Beleza Moral, a perfeita junção de Estética e Ética.
Nesse sentido, convém lembrar que Kant escreveu três análises dividindo o conhecimento em três grandes campos: epistemologia (teoria do conhecimento = Crítica da razão pura), ética (teoria do comportamento = Crítica da razão prática) e estética (teoria do belo = Crítica da faculdade do juízo).
Neste “momento”, não podemos deixar citar Platão ainda que superficialmente, cuja ética ensinava a junção entre o Belo e Bom, ou seja, a Beleza é harmônica, o homem ético (o maçom) deve ser capaz de tomar a consciência do Bem e harmonizar-se internamente (autoconhecimento).
Schröder nos ensina então que o Belo é a forma manifesta do Bem e que a moralização estética da humanidade seria o início de um Estado Estético ideal a ser edificado coletivamente e individualmente por todos os maçons, Estado este no qual, a Beleza Moral seria pilar da verdadeira liberdade.
OBS.: Texto sem revisão.
C.A.M. e T∴F∴A∴
Ir.´. Marcelo Artilheiro
Joinville (SC), 14 de setembro de 2022
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHILLER, F. Sobre Graça e Dignidade, trad. Ana Resende. Porto Alegre: Movimento, 2008.
KANT, I. Crítica da Razão Prática, tradução com introdução e notas de Valério Rohden baseada na edição original de 1788. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
[1] SCHILLER, F. Sobre Graça e Dignidade, trad. Ana Resende. Porto Alegre: Movimento, 2008. P, 55

Parabéns! Servirá como norte em discursos em Loja esta linda peça de arquitetura.
Excelentes tema e texto! Muito obrigado meu caríssimo, pela contribuição!