A humildade na maçonaria
- Irmão Marcelo Artilheiro
- 16 de jan. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de jan. de 2020
Na Maçonaria e no cotidiano, alguns irmãos quando pensam na humildade logo vem à cabeça a ideia de pobreza, de aceitação, de não enfrentar os adversários, de não discutir e etc.. Mas humildade não é simplesmente uma condição, também não é apenas um comportamento, é um valor Maçônico.
Infelizmente, o tempo, a sociedade e alguns ensinamentos errados distorceram o conhecimento de alguns, por isso, muitos irmãos acreditam que humildes são aqueles irmãos ou pessoas desprovidas de conhecimento ou intelecto, sem dinheiro, sem roupas, quietos, que não discutem, não almejam o crescimento econômico, social e maçônico, aceitam o que lhes é imposto e etc., por consequência, tornam-se escravos dos exploradores e aproveitadores. Isso decorre da ideia equivocada de que uma pessoa (irmão) se for pobre e sem qualquer pretensão, seria o mesmo que ser humilde, de que o Irmão que não discute é humilde, que os irmãos que aceitam as ofensas e grilhões que lhes são impostos são humildes. Ledo engano.
Esse equívoco se iniciou com uma interpretação errônea da Bíblia, que aparentemente prescreve que os humildes (humilhados) serão exaltados, na clara alusão de que se a pessoa for humilde (subjugado), seria exaltado futuramente, esquecendo-se do contexto histórico em que foram ditas tais palavras. Uma coisa é ser humilde, outra é ser humilhado. Há humildes que não são humilhados, há humilhados que não são humildes.
Porém a humilhação não se resume apenas ao subjugo, mas sim um propósito de valor. Ser humilde significa se colocar na posição de que nada sabe, que precisa conhecer mais, que precisa aprender mais, que não possui capacidade ou conhecimento para determinada ação, é reconhecer suas fraquezas e incompetências, e também reconhecer as virtudes dos outros. É ser leal consigo mesmo e com os demais, é reconhecer as virtudes alheias. Esse é o princípio primário da humildade.
O humilde sabe de sua condição de aprendizado constante (não de aprendiz), aprendiz na maçonaria é grau, não condição (como alguns equivocadamente dizem e utilizam tal "muleta" para justificar seus erros e fraquezas), pouco adianta dizer que "somos todos aprendizes", quando com isso se deseja igualar aos mais virtuosos ou esconder a própria inércia, preguiça, falta de estudo, de dedicação ou incapacidade para o aprendizado, quando fala isso sentado no Oriente (por uns estarem lá e outros não? Aprendiz senta no Oriente?) Em outras palavras, aquele que diz "somos todos aprendizes" talvez queira humilhar aqueles que por dedicação encontra-se mais evoluído que ele, ou seja, falta-lhe a humildade de reconhecer que talvez, somente ele seja o "aprendiz". Afinal, um verdadeiro aprendiz não ousaria dizer que todos são iguais a ele.
De toda forma, o humilde jamais deixará de ser subjugado ou humilhado, pois sabe que isto não é humildade, é escravidão; não é humildade, é humilhação; não é humildade, é servidão; não é humildade, é injustiça. Por fim, o humilde não diz que é humilde, ele demonstra a humildade, ele é o exemplo de humildade.
Às vezes, é preciso muita humildade para ser arrogante. É preciso muita humildade para ser prepotente. Contudo, paradoxalmente, também é preciso muita arrogância e prepotência para parecer humilde. A falsa humildade, a humildade irracional é puro orgulho e inveja.
Aqueles que impõe a todos a sua incapacidade, a sua preguiça e condição particular, não é humilde. A falsa humildade é orgulho, é inveja, é a incapacidade em aceitar as virtudes dos demais Irmãos, de dar honra a quem tem honra. A igualdade como condição de humildade nada mais é que nivelamento irracional e vicioso, é mediocridade. É como dizer: - Os humildes (superiores) são os iguais a mim, os que são diferentes de mim e "melhores" que eu, são soberbos, por sua vez, os que são piores que eu, não me merecem. A desigualdade é uma condição natural que nos fazem iguais, é preciso muita humildade para reconhecer a beleza da desigualdade.
Uma pessoa humilde não busca ficar no centro das atenções (como alguns que se dizem humildes o fazem), não por medo ou timidez, não por se sentir inferior, mas por entender que isso não é importante. Ele descobriu a verdade. (Humildade é um valor), ela sabe que ninguém precisa estar no centro ou em determinado cargo ou grau para ser reconhecido como verdadeiro maçom.
A pessoa humilde pode até abrir mão de expressar sua própria opinião, não por achar que ela não tenha valor, mas por entender que o que ela pensa, naquele momento, talvez, não seja tão importante ou oportuno, ela discorda em silêncio, por entender que há tempo para tudo, por entender que naquele momento, é importante ensinar a prudência. Porém, o humilde jamais se cala à injustiça, à ignorância ou para evitar que lhe achem soberbo, pois aí tal ato não é motivado pela humildade, mas sim pelo medo, hipocrisia e outros motivos torpes.
Humildade não é pregar igualdade, que “todos são iguais a todos”, isso é mentira. A própria lei ou norma diz que todos são iguais perante ela, e não que os irmãos ou pessoas são iguais entre si. Humildade por exemplo, é reconhecer que Usain Bolt corre mais que você, que eu, ou você acha que corre mais que ele? Você acha justo se comparar a ele? Será justo para ele? Humildade é classificar a si próprio ao último lugar da fila.
Os medíocres exigem igualdade e humildade enquanto os generosos e conscientes reconhecem a sua condição e a alheia, assim são capazes de identificar as virtudes dos outros. Humildade é reconhecer que, em pese marcante e forte o teor do presente texto ele se mostra verdadeiro.
Acuse-os do que faz (não ser humilde) e chame-os daquilo que você é (invejo, soberbo e etc.).
C.A.M. e T∴F∴A∴
Ir.´. Marcelo Artilheiro
Joinville (SC), 16 janeiro de 2020

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