A MORTE NA MAÇONARIA
- Irmão Marcelo Artilheiro
- 30 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
Inicio o presente texto lembrando a frase de Gladstone, político liberal britânico do século XIX, verbis: “Mostrai-me a maneira como uma Nação ou uma Sociedade se ocupa dos seus mortos e dir-vos-ei com razoável exatidão quais os sentimentos delicados do seu povo e a sua fidelidade a um ideal elevado”. Parafraseando o britânico afirmo: Mostrai-me como um maçom encara a própria morte e de seus entes queridos que eu vos direi com razoável exatidão o seu nível de perfeição.
É que a morte pode e deve ser considerada como um grande meio de diagnóstico do entendimento coletivo das sociedades, civilizações e da maturidade maçônica. Para falar da morte, faz-se necessário inequivocamente, como pressuposto lógico inafastável falar da vida: Por que vivemos? Para que vivemos? Qual o propósito da vida? Quem ou o que nos deu a Vida. O que é vida?
Todavia, deixo-vos apenas as perguntas em virtude do tema. Prossigo citando Confúcio: “Quem não sabe o que é a vida, como poderá saber o que é a morte”?
Desta dedução evoluo para dizer que um dos objetivos da maçonaria nada mais é que o estudo da morte, até porque a vida é o princípio da morte, daí pode-se deduzir que a vida só existe em função da Morte. Digo mais a Vida e Morte na maçonaria são situações equivalentes, são instrumentos para a perfeição e não meros caminhos ou passagens, como se costuma afirmar, em outras palavras, nossas vidas e mortes, simbolicamente se equiparam as nossas ferramentas de trabalho: régua, esquadro, compasso e etc (Peço venia, para abrir um pequeno parêntese para afirmar que a meu modesto juízo, o objetivo da régua não é apenas controlar/dividir somente o tempo, é sim nos preparar para a Morte), ou seja, a morte é tão necessária quanto vida e não termina com vida; em algumas hipóteses termina antes, termina quando o homem desiste de aprender, de se aperfeiçoar, de redefinir seus conceitos, suas verdades e paradigmas (há entre nós muitos mortos). Assim, podemos dizer que feliz o maçom que quando a morte lhe vier, esta não lhe possa tirar senão somente a vida, deste entendimento podemos afirmar que o verdadeiro suicida é aquele que perdeu tudo, menos a vida.
Maçonicamente afirmo que o oposto da vida não é morte é a ignorância, ou seja, a morte é para todos, independente de seu futuro, uma ponte para a verdade, para o conhecimento. Continuo para afirmar que a morte usa a vida como instrumento de preparação, de aperfeiçoamento do porvir, até porque a morte não é maior perda da vida. Maçonicamente irmãos começamos a morrer na proporção que nos achamos inteligentes! Conhecedores de tudo, intolerantes com os divergentes, quando não lemos mais, quando achamos que somos os donos da verdade.
É obvio que não gostamos fisicamente da morte, porque apenas vemos no dia a dia a parte física dos homens, dos nossos entes queridos e de nós mesmos, assim, como morte afeta prioritariamente o físico, não gostamos dela, pois ela nos retira o físico, o corpo, afasta nossos entes queridos, inicialmente, ao menos geograficamente, de nós mesmos, nos torna fraco, e sensíveis, nos faz sentir sozinhos, muda nossas regras, muda o destino que tínhamos traçados, nos separa de quem amamos, (ainda que para o bem de quem partiu), isso é causalidade e não temos como fugir dela e nem é bom que fujamos, tudo isso para nos ensinar que o amor é mais forte que a morte.
Com a visão do corpo inerte nos esquecemos da mente (energia) que é mais importante que a matéria, o físico não é tão real quanto a forma. Somente entendendo o que é a morte que compreendemos a vida, pois somente da perspectiva da Morte (real) que podemos explicar a vida (sonho). Assim, tanto a Vida, o Amor e a Morte não são fins, e sim meios, viver, amar e morrer é procurar algo, um meio para chegar a algum lugar, conseguir alguma coisa. Lembrem-se a vida não termina com a morte.
Maçonicamente meus irmãos eu não escrevi o presente texto para dizer como tudo termina, mas como começa.
OBS: Texto sem revisão.
C.A.M. e T∴F∴A∴
Ir.´. Marcelo Artilheiro
Joinville (SC), 30 janeiro de 2020

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