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O HUMANISMO NO RITO SCHRODER

  • Foto do escritor: Irmão Marcelo Artilheiro
    Irmão Marcelo Artilheiro
  • 6 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

Discorrer sobre o humanismo exige acima de tudo uma postura respeitosa para com a antiguidade, mas não antiquada, sob pena de violar-se a própria ideia de humanismo, a evolução. É necessário ainda distinguir duas vertentes no significado de humanismo: a histórica e a filosófica. A primeira, documentada em épocas, fatos e revivescências, com suas realizações artísticas, científicas e culturais (humanismo renascentista dos séculos XV e XVI, neo humanismo do século XIX), a segunda, atemporal e informadora de pensamentos, visões de mundos e idealizações centradas no homem, é nesta segunda que se fundamenta prioritariamente o Rito Schröder, também atemporal.


Quando Protágoras proclamou que "o homem é a medida de todas as coisas", estabeleceu a primeira formulação explícita de humanismo, o que não foi bem "recepcionado" por Sócrates e Platão pois não admitiam tal postulado em razão dos efeitos nefastos que faria incidir sobre o saber, virtude e o poder do homem: se cada um tem sua própria medida de tudo, nada poderia então existir de absoluto, nem valores que possam ser admitidos como padrões universais, a ética, individual e coletiva, não pode ser imperativa, ou antes, ela não tem razão de ser, fora outros "problemas filosófico".


Cícero condensou na palavra humanitas três conceitos distintos:

I - a característica que define o homem como homem;

II - o vínculo que une um homem a outro homem e a todos os homens (rigorosamente o significado do grego philanthropià);

III - o que forma, educa e instrui o homem enquanto homem (equivalente ao grego paiáeia: sistema de educação e formação ética).


Seguindo nesta linha temos que destacar a existência de um humanismo rígido (fechado) e de um humanismo flexível (aberto), o primeiro existencialista, tem como horizonte a vida material e a morte biológica, o segundo, rejeita o limite da existência física e advoga a existência do homem após o fenômeno vida, ou morte.


Schröder ou o rito Schröder busca destruir este binômio e conciliar a "visão materialista" e a "visão espiritualista", quem sabe, inspirado na célebre frase poeta latino Terêncio (séc. II a.C.): "Homo sum, humani nihil a me alienum puto" (Sou humano e nada do que é humano me é estranho), o que resta incontroverso é que homem sempre se preocupou com o post-mortem e tal fato basta para que o aspecto não físico pertença à esfera do humanismo, em outras palavras, o humanismo equipara a vida a morte com objeto de estudo e valor.


Nesse diapasão, não se pode esquecer que humanistas foram aqueles que cultivaram as artes liberais (bonas artes) se tornaram "mais humanos" (hi sunt vel maxime humanissimi). As "bonae artes", como instrumento, "ritual" ou sistema de formação integral do indivíduo, incluiu o estudo da poesia (Homero), da retórica e dialéctica (Platão/Aristóteles) e as ditas matemáticas (aritmética, geometria, astronomia e música). Na Idade Média, essas disciplinas distribuem-se pelo trivium e quadrivium, ambas visavam a construção integral do homem, dai o por que da necessidade do discípulos de Schröder estudarem tais artes, pois integram a essência do Rito, em que pesa não se fazerem expressas nos rituais e nem precisava.


O Humanismo de Schröder é mais profundo liga-se mais a filantropia (amizade pelo homem) que se interessa pelos problemas humanos, notadamente aqueles que nem todos podem suprir (material), ele se preocupa mais com o que disse Cristo "Nem só de pão viverá o homem", o humanismo defendido Schröder não deve ser confundido ou limitado políticas sociais, há "coisas" mais importantes a serem feitas, como a passagem escrita por Lucas 10:38-42:

38 - E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;

39 - E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 - Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!"

41 - E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

42 - E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.


O texto retrata bem a "confusão" que fez Marta, enquanto Cristo queria estar perto de ambas e ensina-las, somente Maria teve a humildade e a percepção da necessidade de aprender e escutar. Marta presumindo conhecer estava ocupadíssima, limpando a casa, fazendo comida e etc., estava cega espiritualmente, tinha seus próprios "valores". Marta achava que era amada por Jesus por aquilo que fazia; Maria, ao contrário, sabe que é amada por Jesus por aquilo que é.


Em outras palavras, o Rito Schröder é humanista pelo que é e não pelo que seus praticantes fazem, até porque há muitos imitando a Marta, o Maçom, independente do Rito, é humanista pelo que é (ou devia ser) não apenas pelo que faz.


O Humanismo ensinado por Schröder é mais amplo, é ao mesmo tempo científico e espiritual, além do notório aspecto científico, é intimamente ligado ao verdadeiro amor e não apenas a filantropia ou ao assistencialismo, pois o ato de dar, de doar não deve ser confundido com o AMAR, conforme descrito por Paulo:

"E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria."

OBS.: Texto sem revisão.

C.A.M. e T∴F∴A∴

Ir.´. Marcelo Artilheiro

Joinville (SC), 06 junho de 2020



 
 
 

1 Comment


jaderlisboa
Nov 08, 2022

Parabéns pela peça de arquitetura! Adorei. O humanismo histórico (antropocentrismo) foi bem explicado.

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