O PARTIDARISMO E O SECTARISMO NA MAÇONARIA
- Irmão Marcelo Artilheiro
- 9 de fev. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de fev. de 2020
É preciso evitar que, pelas portas do aparente "combate a corrupção", "defesa de valores", "proteção a família" e etc., o partidarismo e o sectarismo contaminem a Maçonaria.
A "independência" da Maçonaria é uma finalidade em si própria e para tanto, é necessário ter-se homens independentes para se poder ter Maçons livres.
A independência maçônica, para os Maçons constitui-se e é aquela garantia e tranquilidade de espírito que tem origem na confiança que cada Irmão terá garantida a sua liberdade, respeito e segurança. E para que se possa ter essa liberdade e independência, é preciso que na Maçonaria um Irmão não "tema" outro, ou dele possa ser vítima de críticas e manifestações exacerbadas decorrentes do partidarismo e sectarismo tão presentes no momento atual. A instituição Maçonaria não apoia a qualquer governo ou partido, os que assim não entendem, desconhecem e não leram o estatuto social da Organização Maçonaria a que pertencem, como pessoa jurídica, e desconhecem também os princípios e vetores basilares da Maçonaria com instituição universal.
A Maçonaria não tem e não pode ter partido político, seja ele qual for, de "esquerda" ou de "direita". Por sua vez, os irmãos podem se filiar ao partido que assim desejar, não podendo em razão deste ato serem vítimas da inconcebível, torpe e inadmissível partidarização da maçonaria.
É preciso ter-se presente que a liberdade e independência de um Irmão frente a outro e frente a própria Maçonaria, longe de representar um valor fim em si mesmo, são eles próprios valores instrumentais.
É triste vê que muitos não compreendam que a independência e a liberdade não são senão os meios dirigidos a salvaguardarem outros valores maçônicos e também republicanos.
A imparcialidade ou neutralidade maçônica frente aos Partidos Políticos não significa a sua inércia frente a necessidade de defender os virtuosos princípios republicanos, democráticos e maçônicos, jamais partidários ou de um governo. É incontroverso que todos os maçons e a maçonaria são contra a corrupção, se opõem a degeneração do homem e combatem a destruição de qualquer valor moral e ético, mas isso não significa vinculação partidária ou governamental.
Aos irmãos, qualquer que seja o seu partido e ideologia não podem lhes ser suprimido o direito de livre manifestação de pensamento, de forma respeitosa, a favor ou contra a qualquer partido ou governo, é preciso que, em qualquer ambiente maçônico, virtual ou físico lhes sejam garantidos os direitos decorrentes da cidadania brasileira e maçônica. A tolerância e a liberdade são virtudes cardinais da Maçonaria. O cidadão maçom é um sujeito de direitos e deveres tanto civis como maçônicos, se a um é garantido o direito de se manifestar, ao outro é imposto o dever de respeitar, podendo sempre existir a divergência de forma respeitosa, fraternal, humanista e científica.
A diversidade de entendimentos e ideias, o convívio fraternal e respeitoso dos "diferentes" consiste na mais eficaz arma no combate a degeneração de qualquer Instituição e governo. Há que se ter em mente que:
A intolerância não é uma virtude.
A ignorância, independente da natureza, não pode ser objeto de aplausos.
A banalização da vida alheia é um vício a ser combatido.
O mal deve ser suprimido, não multiplicado.
A livre expressão e divulgação de ideias não deve (nem pode) ser impedida ou censurada por qualquer irmão, seja ele quem for, sobre qualquer pretexto. As liberdades do pensamento são prerrogativas essenciais do Cidadão Maçom.
Nenhum irmão pode, legitimamente e maçonicamente no contexto de uma sociedade e instituição que se caracteriza por seu perfil democrático e justo, obstar, obstruir, embaraçar ou censurar ideias, convicções, opiniões ou informações, qualquer que seja o caráter de que se revistam, sem incorrer, caso assim venha a agir, em inaceitável repreensível conduta antimaçônica, pois inequivocamente, incompatível com os valores da Ordem.
Uma Instituição (Maçonaria) que se diz democrática, humanitária e progressiva não convive, referenda ou autoriza práticas de intolerância nem se mostra compatível com restrições de caráter censório com relação manifestação e circulação de opiniões, pois uma de suas características essenciais reside, fundamentalmente, no pluralismo de ideias e na diversidade de visões de mundo, isso porque deseja construir uma formação social justa e perfeita, uma comunidade inclusiva de cidadãos maçons, que se sintam livres e protegidos contra quaisquer ações, individual, coletiva ou institucional que lhes restrinjam os direitos por motivo de convicção política, partidária ou filosófica.
O que é certo, é certo, pouco importa quem foi seu autor, pois a ciência, por exemplo a matemática, não tem partido. Por sua vez a idolatria, o fanatismo e a parcialidade não se coadunam a racionalidade que deve imperar na maçonaria, e que confrontam com o ideal de justiça perseguido pela Maçonaria.
A intolerância política, doutrinária, partidária, filosófica e etc., é intrínseca a um "mono"; monocromático: uma só cor, monoteísmo: um deus único; monotemático: um só tema e por ai vai, em outras palavras, o intolerante é aquele que não tolera nenhuma outra coisa além dele mesmo, certamente, por não se tolerar.
A independência partidária e ideológica da Maçonaria não impede o seu agir em defesa dos valores morais, éticos, republicanos, democratas e maçônicos, ao contrário reafirma o seu vínculo com a justiça, não com um partido ou governo.
Nesse sentido, é importante destacar que a Maçonaria não é e não será a vontade da maioria que se forma precariamente e sempre temporária, ela tem sua própria natureza imutável e universal, e se mudar, será apenas algo, menos Maçonaria. O consenso, seja ele da natureza que for, não é sinônimo de justiça, de perfeição e nem de certeza científica.
O ativismo político partidário de alguns irmãos não pode ser confundido com ativismo político da instituição. A Maçonaria não pode ter e não tem sua sustentação na opinião pública ou no consenso popular, sob pena de rendição da Maçonaria pela busca do sucesso, a transformação da Maçonaria em simples e corriqueiro objeto de consumo ou num trampolim partidário e eleitoral. A partidarização da Maçonaria tende a criar "maçonização" dos partidos, e, infelizmente, devemos confessar que não somos tão bons, puros e justos assim, para que possamos presumir que "maçonização" dos partidos (Partido Maçônico) será sequer, o melhor para nossa República.
Portanto, a Maçonaria deve permanecer Apartidária. Ninguém, absolutamente ninguém, seja ele quem for, tem legitimidade para vincular a Maçonaria a um partido ou a um governo.
OBS: Texto sem revisão.
C.A.M. e T∴F∴A∴
Ir.´. Marcelo Artilheiro
Joinville (SC), 09 fevereiro de 2020

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