RITOCRACIA “Com que roupa eu vou?” para a Sessão que você me convidou.
- Irmão Marcelo Artilheiro
- 9 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Trata-se, enfim, de discutir o papel dos Ritos na Maçonaria, seus limites e força normativa. Nesse sentido, penso que cada Rito deve ser preservado naquilo que é a sua principal conquista, qual seja, sua autonomia com relação aos demais Ritos, mas não com relação a Maçonaria, é dizer, os Ritos fazem parte da Maçonaria, mas não se sobrepõem à Maçonaria.
Os Ritos, fala-se até mesmo em “sistema de ensino”, são “ferramentas” e meios para o exercício ou prática da maçonaria. Atualmente, se discute mais sobre os Ritos do que sobre a Maçonaria, seus princípios, fins e valores. É o “poste mijando no cachorro”. “Tudo” virou “uma questão de opinião”, de “eu acho”, “sempre foi assim” ou “é a essência do Rito”. Algumas vezes, a sessão, o “Tempo de Estudo” ou seminário (no qual se discute ou estuda o Rito, não a Maçonaria) parece um programa de rádio no qual se discute futebol, “Cada um tem a sua opinião”, muitas opiniões, a grande maioria fundamentada no “Princípio da Água Mineral”. Sim, porque na Maçonaria tupiniquim só quem cita fonte é a garrafa de água mineral. Contudo, a maçonaria não é (e não pode ser) aquilo que um Irmão ou Loja, no seu conjunto ou na individualidade de seus membros, dizem que é porque “concordam”. Faz-se necessário estabelecer e obedecer a critérios epistemológicos, axiológicos, históricos, filosóficos e etc. para a perfeita compreensão e interpretação de qualquer texto, costume, prática ou tradição. Não é incomum, que a hermenêutica maçônica de alguns irmãos limite-se ao saber “operacional”, “prático” ou literal do Rito que pratica, e só. Assim, compreensão do que é a Maçonaria (não o que são os Ritos) funciona com uma vacina, um “domo de ferro” para impedir interpretações arbitrarias, isoladas, casuísticas e discricionariedades; nas quais se valorizam mais questões relacionadas a regras, procedimentos e costumes meramente ritualísticos, em detrimento dos fins da Maçonaria; é como a velha questão do balandrau, ou de que sinal se deve usar quando em visita a uma “Loja de outro Rito” e por ai vai. Para muitos, discutir a “forma” ou a aparência é mais importante que seu conteúdo. Parafraseando Noel Rosa, parece mesmo necessário indagar: “Com que roupa eu vou?” Pra Sessão. Que você me convidou! Posso Ir de Balandrau?
Mas, já estou “quebrando minha palavra”. Texto longo, havia prometido para alguns irmãos textículos! (por gentileza, notem a grafia com “x”).
Por fim, para demonstrar que a “maioria” é irrelevante para fins de “certo ou errado” ou com relação ao “a favor ou contra” quando se perde o verdadeiro rumo, valor ou consciência, vou transcrever uma estorinha de muitos já conhecida:
Estavam os rabinos reunidos para discutir o Talmud, o livro sagrado. Três rabinos sustentavam determinada tese sobre a interpretação de um versículo. Um rabino, Eliezer, sustentava tese diferente e contrária. Dizia que onde estava escrito X, devia se ler… X.
Dias e dias de discussão (quase um mês). Ao que o Eliezer disse: “Se a minha tese estiver correta, aquela árvore vai se mexer”; e a árvore se mexeu.
A maioria, os três entreolharam-se e, sem mostrarem surpresa, disseram: “Ótimo, Eliezer, mas nós achamos que a nossa interpretação é a melhor”. Eliezer tentando demonstrar seu acerto tentou uma vez mais: “Se a minha interpretação estiver correta, aquele rio mudará de curso”; e o rio mudou de curso. Pois os três nem se “tocaram”.
Por fim, Eliezer apelou: “Se a minha interpretação estiver correta, Deus vai se manifestar; afinal, é a Sua Palavra que está em jogo.” E Deus, chateado já com aquela postura, anunciou, de forma onipotente e incontroversa: “O rabino Eliezer está certo!” Os três rabinos se entreolharam e, simplesmente, disseram: “Ótimo, antes, estava 3 a 1; agora, está 3 a 2…”. “Vencemos!”
Pois é. “Hora da despedida”, não sei se devo usar um “C.A.M.” ou um “T∴F∴A∴”., cada Rito, sua saudação.
OBS.: Texto sem revisão.
Ir.´. Marcelo Artilheiro
Joinville (SC), 09 outubro de 2024

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